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sábado, 7 de setembro de 2013

Brasileiros celebram dia da independência com "maior protesto do Brasil"


Milhares de pessoas prometeram voltar este sábado à rua para o "Maior Protesto do Brasil", um movimento nacional convocado através das redes sociais a pretexto da comemoração do Dia da Independência do país. A polícia foi mobilizada para mais de 130 cidades do país, e autorizada a usar a força para responder a actos de violência.
Antecipando a mobilização, a Presidente brasileira, Dilma Rousseff, pronunciou-se na televisão sobre a indignação popular e o desejo de mudanças, vociferado por milhões em marchas e protestos desde o mês de Junho. “O povo tem o direito de se indignar”, considerou. “Infelizmente ainda somos um país com serviços públicos de baixa qualidade”, admitiu, para logo contrapor que, apesar do descontentamento, houve uma rápida evolução das condições de vida da população. “Há igualmente um Brasil de grandes resultados, que não podemos deixar de enxergar e reconhecer”, sublinhou.
A Presidente referiu-se à resposta do seu Governo às exigências das manifestações, enumerando os vários “pactos” que propôs ao Congresso – para a educação, saúde ou reforma política.
Dilma estimou que a aprovação do projecto de lei que consagra a canalização de 75% das receitas da exploração das reservas petrolíferas do pré-sal para o sistema de ensino será um dos principais legados do seu Governo – “garantindo benefícios à população brasileira por, no mínimo, 50 anos”, disse. A proposta sofreu várias alterações no processo legislativo: a ideia inicial era canalizar 100% dos rendimentos obtidos com o pré-sal para a educação.
Dilma também defendeu o seu programa “Mais Médicos”, que foi alvo de duras críticas por parte de organizações brasileiras da saúde, que contestam a contratação de médicos estrangeiros. “O Brasil tem feito e precisa fazer mais investimentos em hospitais e equipamentos, porém a falta de médicos é a queixa mais forte da população pobre”, lembrou a Presidente, que classificou a decisão do Governo de recorrer a médicos do exterior para preencher vagas deixadas em aberto por brasileiros como “uma decisão a favor da saúde”.
“O país tem uma grande dívida com a saúde pública que tem que ser resgatada o mais rápido possível”, reconheceu, garantindo que mesmo contra as críticas das entidades profissionais, “o Mais Médicos está se tornando uma realidade”.
Uma outra realidade é a da reforma política. Dilma Rousseff considerou que a proposta de decreto legislativo que foi entregue no Congresso na semana passada, para a convocação de um plesbicito era “um bom passo”, apesar de muitas das suas ideias não estarem vertidas no documento.
O discurso televisivo de Dilma – que foi gravado antes de a Presidente viajar para a Rússia para participar na cimeira do G20 – motivou a apresentação de uma queixa à Justiça Eleitoral do PSDB, maior partido da oposição, por propaganda antecipada. Segundo denunciou à Folha de S. Paulo o senador Aécio Neves, putativo candidato presidencial dos tucanos, “o Brasil não tem mais uma Presidente da República, só uma candidata desesperada por recuperar os índices de popularidade perdidos”.
Para Aécio, Dilma “ultrapassou todos os limites e desrespeitou o povo brasileiro ao transformar um espaço institucional da presidência em mero horário eleitoral”, retomando “práticas que se consideravam banidas da política brasileira e inimagináveis desde que a população foi às ruas exigir austeridade e respeito às instituições e à ética”.