Navio do Brasil grava 320 invasões aéreas de Israel no Líbano
06 de junho de 2012 • 11h34
• atualizado às 14h34
O navio de guerra brasileiro da missão de paz da ONU no Líbano
registrou 320 invasões do espaço aéreo libanês por aviões militares de
Israel nos últimos seis meses.
Segundo a diplomacia israelense, os voos têm caráter defensivo. Seu
objetivo seria coletar informações sobre supostos foguetes do Hezbollah
que poderiam atingir Israel.
Contudo, esses voos militares violam a resolução do Conselho de
Segurança da ONU que estabeleceu um cessar-fogo entre Israel e o
Hezbollah em 2006 e proíbe forças armadas estrangeiras de entrar no
Líbano sem autorização do governo.
As 320 invasões aconteceram entre novembro de 2011 e maio de 2012,
segundo o contra-almirante Wagner Lopes de Moraes Zamith, comandante da
Força Tarefa Naval da ONU . Em média, elas representam mais de 12
invasões por semana.
Os voos suspeitos foram registrados pelo radar da fragata brasileira
"União" e também gravados em imagens pela tripulação. Foram flagrados
principalmente aviões de caça, de reabastecimento e "drones" - os aviões
militares não tripulados.
"As violações de espaço aéreo são frequentes. Nosso navio tem
capacidade de detectar essa atividade aérea. Inclusive isso é uma
atividade subsidiária nossa que é muito bem-vinda pela Unifil (missão de
paz da ONU no Líbano)", afirmou Zamith à BBC Brasil.
Radares
Os sobrevoos irregulares de Israel sobre áreas libanesas acontecem ao menos desde a retirada das tropas israelenses do sul do Líbano em 2000.
Os sobrevoos irregulares de Israel sobre áreas libanesas acontecem ao menos desde a retirada das tropas israelenses do sul do Líbano em 2000.
Eles são registrados pela ONU por meio de um radar terrestre
instalado no quartel general da Unifil em Naqoura, no norte do país.
Porém, segundo Zamith, o equipamento não tem alcance adequado para
monitorar a região próxima à fronteira com Israel.
O posicionamento da fragata brasileira durante missões no litoral sul
do Líbano desde o fim do ano passado ampliou a capacidade de detecção
da missão e possibilitou o atual registro de flagrantes.
Reação
Depois de captadas, as informações sobre os voos suspeitos são analisadas pela Unifil - que verifica se de fato houve violação do espaço aéreo. Em seguida, a missão faz protestos formais ao Conselho de Segurança da ONU, exigindo que as IDF (Forças de Defesa de Israel) parem com os abusos.
Depois de captadas, as informações sobre os voos suspeitos são analisadas pela Unifil - que verifica se de fato houve violação do espaço aéreo. Em seguida, a missão faz protestos formais ao Conselho de Segurança da ONU, exigindo que as IDF (Forças de Defesa de Israel) parem com os abusos.
"Esses voos violam a resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU.
Eles estão minando nossa credibilidade junto à população do sul do
Líbano", afirmou à BBC Brasil Andrea Tenenti, o porta-voz da Unifil.
Segundo ele, a ação diplomática é a única reação possível da Unifil,
pois seu mandato não permite o uso da força para impedir as violações
israelenses - a menos em caso de ataque a capacetes azuis.
A Força Tarefa Naval da ONU existe desde 2006. Desde que o Brasil
assumiu o comando da frota no ano passado, um único incidente envolvendo
forças navais das Nações Unidas e aviões de Israel foi registrado, em
2011.
Um caça israelense invadiu o espaço aéreo libanês e sobrevoou um
navio de guerra da esquadra internacional. Na linguagem naval, esse tipo
de ação é considerada atitude hostil. A ONU entrou em contato com
Israel e o caso foi tratado como um mal-entendido.
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